É interessante reler este blog de vez em quando, e lembrar das minhas fases (inúmeras, para os que me conhecem pelo menos um pouco). Pois bem, assim como elas, gosto de reler e identificar as coisas que permanecem, de um jeito ou de outro, no meu cotidiano. Acho que por isso algumas pessoas mantêm diários, cadernos de anotações, enfim... Eu mantenho os meus, mas o que escrevo aqui é diferente do que escrevo neles... Escrever à mão é mais íntimo, mais profundo, mais visceral. A própria palavra "visceral" fica um pouco exagerada aqui, mas acho que consegui dar a ideia.
Hoje venta em Porto Alegre, o que me fez lembrar o filme "Volver", do Almodóvar. Recomendo fortemente. Nesta sexta-feira com jeito de qualquer outro dia que não o próprio, contemplo-me introspectivo: escrevendo, apagando, reescrevendo, hesitando, pensando... a vida em gerúndios. Compartilho, pois, as breves palavras desta tarde:
"Eu imaginava, imaginava mesmo, que algo assim não aconteceria comigo. Pelo menos não agora. O futuro, sendo incerto, era mais tranquilo, me deixava menos ansioso. Porque uma coisa é a expectativa; outra, a iminência. Aquela se pode domar, conviver, suportar; esta, não. Retificando: até existe a possibilidade de tolerá-la, porém sempre coexistindo com o dia a dia, sempre ali, pulsante, derramando nas veias uma adrenalina diferente, descompassando os pensamentos, que, em vão, tentam se concentrar no resto. Diz-se que a ausência nem sempre é falta, e sim a presença mais constante. E me pergunto: como? Como se pode, durante a falta, sentir a necessidade de gritar, enquanto, lado a lado, o silêncio impera? Não se sabe o que cabe dizer, como agir, o que fazer para passar o tempo... apenas acontece a certeza de querer estar junto. Um precisar disfarçado de querer, isso sim."
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
sábado, 31 de março de 2012
Livros e Filmes I
Tive uma ideia: compartilhar minhas últimas leituras e os últimos filmes que assisti.
Acho que pode ser uma boa troca de experiências, além de, claro, começar um bom papo!
Da última vez que fui ao cinema, foi a convite da vó, que escolheu "Um Método Perigoso". O filme mostra a construção e o rompimento das relações entre Freud e Jung, além de esmiuçar tudo o que acontecia paralelamente a isso. Tem-se o envolvimento de uma jovem russa, que, inicialmente paciente, termina o filme como médica psiquiatra, tal qual os que seriam os mais famosos expoentes de uma parte da medicina que, na minha opinião, resguarda sua identidade oculta e cheia de segredos, mesmo com os grandes avanços dos últimos 100 anos.
O filme consegue elaborar personagens fortes, mostrar que Carl Jung e Sigmund Freud também eram humanos, e que, apesar de tratarem seus semelhantes, apresentavam os mesmos "pontos fracos", a mesma fragilidade que torna homens e mulheres dignos de seus papéis na sociedade.
É claro que os diálogos são complexos muitas vezes, e o filme, apesar de intenso, ainda passa longe da complexidade das relações entre os personagens principais. Porém esse fato já é esperado; afinal, como esperar um retrato fiel de encontros e cartas que duraram anos a fio condensados em nem duas horas?
Segue o trailer:
Quanto ao livro, devo dizer que me surpreendi com um escritor desconhecido até o fim do ano passado: Sándor Márai. O autor, de origem húngara, detém nas palavras o poder de qualificar substantivos aparentemente banais de uma maneira diferente, profunda, reflexiva.
Em sua obra "As brasas", há uma mistura de romance e ciência, esta não a de pesquisas, e sim da vida. Conclusões, experiências, ensinamentos que só se absorve depois de nascer e antes de morrer.
Os elementos do romance se apresentam na descrição dos lugares e das pessoas, nos detalhes das cores, texturas, perfumes...
E, enquanto isso, expõe (por meio da voz que dera ao personagem principal - um general que avançava na sétima década de vida) os sentimentos de amor e amizade da maneira mais pura, livre de imposições sociais e de "achismos" humanos. Tampouco frio como um dicionário o faria. Márai tem a destreza do equilíbrio, sem pender nem a um, nem a outro, e oferecer ao leitor páginas de reflexões sobre as próprias amizades, sobre as próprias paixões.
Um livro denso, pequeno, que clama atenção. Só existe como obra se o leitor assim a compreender.
Agradeço à amiga Roberta por essa sugestão.
quinta-feira, 29 de março de 2012
Alguma coisa acontece...
Resolvi encabeçar esse texto com o início da música "Sampa", do Caetano Veloso.
Aos que me acompanham pelo twitter e facebook, sabem que eu estive (pela primeira vez) nessa cidade, que é tudo o que a música diz... pelo menos pra mim. Voltei dizendo a todos que eu gostei muito do lugar onde os superlativos parecem dominar. Lá, tudo é maior, e é onde ficam os melhores shoppings, restaurantes, baladas, enfim... vocês entenderam o que eu quis dizer.
Fato é que São Paulo me surpreendeu bastante... mas aí eu penso que também me surpreendo bastante comigo mesmo... então não estou mais tão surpreso quanto a isso!
Enfim: quero voltar, e logo. Mas não apenas voltar. Quero viver São Paulo mais um pouco, ser turista de novo, reconhecido apenas pelo sotaque, contemplar novidades, e apreciar esse momento em que os olhos se deparam com algo nunca visto antes.
Sensação indescritível, que só acontece uma vez.
Agora de volta a Porto Alegre, minha cidade, meu chão, meu rio, minha família e meus amigos. Porto Alegre, que agora completou 240 anos, e que me abriga há 23 deles. Amo demais isso aqui, a cultura que me criou, os valores que recebi, as pessoas que conheci, e, principalmente, o orgulho de tudo isso, que corre quente no sangue. Podem nos chamar de regionalistas exagerados, mas isso tem mais de bom do que de ruim. Outro dia fiz graça com o quadro "A fofoqueira de Porto Alegre", da Globo, mas foi por achar engraçado a tentativa de nos imitar, e não por ter ficado brabo com o Rodrigo Lombardi pagando de gaúcho. Quando vi imagens da cidade pipocando na TV, fiquei faceiro mesmo, pois aquelas ruas eu conhecia, naqueles prédios eu já estive, e aquele pôr-do-sol é o mais bonito que já vi até hoje.
E tudo isso, toda essa exaltação, não me impediu de ter gostado muito de São Paulo. Eu, que sempre a considerei uma cidade feia, suja, poluída, estressada. Pré-conceitos... Só me mostrou que a ignorância é triste mesmo. Então resolvi não ser mais ignorante; afinal, não há nada de errado gostar de duas, três ou centenas de cidade. Ninguém mandou eu fazer um ranking delas.
Deixemos, pois, assim: eu gostando de lá e de cá.
*segue a música, com imagens de São Paulo:
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