sábado, 31 de março de 2012
Livros e Filmes I
Tive uma ideia: compartilhar minhas últimas leituras e os últimos filmes que assisti.
Acho que pode ser uma boa troca de experiências, além de, claro, começar um bom papo!
Da última vez que fui ao cinema, foi a convite da vó, que escolheu "Um Método Perigoso". O filme mostra a construção e o rompimento das relações entre Freud e Jung, além de esmiuçar tudo o que acontecia paralelamente a isso. Tem-se o envolvimento de uma jovem russa, que, inicialmente paciente, termina o filme como médica psiquiatra, tal qual os que seriam os mais famosos expoentes de uma parte da medicina que, na minha opinião, resguarda sua identidade oculta e cheia de segredos, mesmo com os grandes avanços dos últimos 100 anos.
O filme consegue elaborar personagens fortes, mostrar que Carl Jung e Sigmund Freud também eram humanos, e que, apesar de tratarem seus semelhantes, apresentavam os mesmos "pontos fracos", a mesma fragilidade que torna homens e mulheres dignos de seus papéis na sociedade.
É claro que os diálogos são complexos muitas vezes, e o filme, apesar de intenso, ainda passa longe da complexidade das relações entre os personagens principais. Porém esse fato já é esperado; afinal, como esperar um retrato fiel de encontros e cartas que duraram anos a fio condensados em nem duas horas?
Segue o trailer:
Quanto ao livro, devo dizer que me surpreendi com um escritor desconhecido até o fim do ano passado: Sándor Márai. O autor, de origem húngara, detém nas palavras o poder de qualificar substantivos aparentemente banais de uma maneira diferente, profunda, reflexiva.
Em sua obra "As brasas", há uma mistura de romance e ciência, esta não a de pesquisas, e sim da vida. Conclusões, experiências, ensinamentos que só se absorve depois de nascer e antes de morrer.
Os elementos do romance se apresentam na descrição dos lugares e das pessoas, nos detalhes das cores, texturas, perfumes...
E, enquanto isso, expõe (por meio da voz que dera ao personagem principal - um general que avançava na sétima década de vida) os sentimentos de amor e amizade da maneira mais pura, livre de imposições sociais e de "achismos" humanos. Tampouco frio como um dicionário o faria. Márai tem a destreza do equilíbrio, sem pender nem a um, nem a outro, e oferecer ao leitor páginas de reflexões sobre as próprias amizades, sobre as próprias paixões.
Um livro denso, pequeno, que clama atenção. Só existe como obra se o leitor assim a compreender.
Agradeço à amiga Roberta por essa sugestão.
quinta-feira, 29 de março de 2012
Alguma coisa acontece...
Resolvi encabeçar esse texto com o início da música "Sampa", do Caetano Veloso.
Aos que me acompanham pelo twitter e facebook, sabem que eu estive (pela primeira vez) nessa cidade, que é tudo o que a música diz... pelo menos pra mim. Voltei dizendo a todos que eu gostei muito do lugar onde os superlativos parecem dominar. Lá, tudo é maior, e é onde ficam os melhores shoppings, restaurantes, baladas, enfim... vocês entenderam o que eu quis dizer.
Fato é que São Paulo me surpreendeu bastante... mas aí eu penso que também me surpreendo bastante comigo mesmo... então não estou mais tão surpreso quanto a isso!
Enfim: quero voltar, e logo. Mas não apenas voltar. Quero viver São Paulo mais um pouco, ser turista de novo, reconhecido apenas pelo sotaque, contemplar novidades, e apreciar esse momento em que os olhos se deparam com algo nunca visto antes.
Sensação indescritível, que só acontece uma vez.
Agora de volta a Porto Alegre, minha cidade, meu chão, meu rio, minha família e meus amigos. Porto Alegre, que agora completou 240 anos, e que me abriga há 23 deles. Amo demais isso aqui, a cultura que me criou, os valores que recebi, as pessoas que conheci, e, principalmente, o orgulho de tudo isso, que corre quente no sangue. Podem nos chamar de regionalistas exagerados, mas isso tem mais de bom do que de ruim. Outro dia fiz graça com o quadro "A fofoqueira de Porto Alegre", da Globo, mas foi por achar engraçado a tentativa de nos imitar, e não por ter ficado brabo com o Rodrigo Lombardi pagando de gaúcho. Quando vi imagens da cidade pipocando na TV, fiquei faceiro mesmo, pois aquelas ruas eu conhecia, naqueles prédios eu já estive, e aquele pôr-do-sol é o mais bonito que já vi até hoje.
E tudo isso, toda essa exaltação, não me impediu de ter gostado muito de São Paulo. Eu, que sempre a considerei uma cidade feia, suja, poluída, estressada. Pré-conceitos... Só me mostrou que a ignorância é triste mesmo. Então resolvi não ser mais ignorante; afinal, não há nada de errado gostar de duas, três ou centenas de cidade. Ninguém mandou eu fazer um ranking delas.
Deixemos, pois, assim: eu gostando de lá e de cá.
*segue a música, com imagens de São Paulo:
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