sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Palavras ao vento

É interessante reler este blog de vez em quando, e lembrar das minhas fases (inúmeras, para os que me conhecem pelo menos um pouco). Pois bem, assim como elas, gosto de reler e identificar as coisas que permanecem, de um jeito ou de outro, no meu cotidiano. Acho que por isso algumas pessoas mantêm diários, cadernos de anotações, enfim... Eu mantenho os meus, mas o que escrevo aqui é diferente do que escrevo neles... Escrever à mão é mais íntimo, mais profundo, mais visceral. A própria palavra "visceral" fica um pouco exagerada aqui, mas acho que consegui dar a ideia.


Hoje venta em Porto Alegre, o que me fez lembrar o filme "Volver", do Almodóvar. Recomendo fortemente. Nesta sexta-feira com jeito de qualquer outro dia que não o próprio, contemplo-me introspectivo: escrevendo, apagando, reescrevendo, hesitando, pensando... a vida em gerúndios. Compartilho, pois, as breves palavras desta tarde:


"Eu imaginava, imaginava mesmo, que algo assim não aconteceria comigo. Pelo menos não agora. O futuro, sendo incerto, era mais tranquilo, me deixava menos ansioso. Porque uma coisa é a expectativa; outra, a iminência. Aquela se pode domar, conviver, suportar; esta, não. Retificando: até existe a possibilidade de tolerá-la, porém sempre coexistindo com o dia a dia, sempre ali, pulsante, derramando nas veias uma adrenalina diferente, descompassando os pensamentos, que, em vão, tentam se concentrar no resto. Diz-se que a ausência nem sempre é falta, e sim a presença mais constante. E me pergunto: como? Como se pode, durante a falta, sentir a necessidade de gritar, enquanto, lado a lado, o silêncio impera? Não se sabe o que cabe dizer, como agir, o que fazer para passar o tempo... apenas acontece a certeza de querer estar junto. Um precisar disfarçado de querer, isso sim."